
IMAGEM: SESC POMPÉIA - GETTY
O Brutalismo, movimento arquitetônico caracterizado pelo uso do concreto aparente e formas monumentais, ganhou destaque recentemente com o filme "O Brutalista" de Brady Corbet. A produção independente recebeu dez indicações ao Oscar e conquistou três estatuetas: Melhor Ator (Adrien Brody), Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora.
No filme, Brody interpreta um arquiteto judeu húngaro que imigra para os Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. Representante do movimento brutalista, ele é contratado para construir um grande centro cultural de concreto para um magnata, personagem interpretado por Guy Pearce.
O que é Brutalismo?
O termo "brutalismo" deriva do francês "béton brut", que significa "concreto bruto". Popularizado pelo arquiteto Le Corbusier, um dos precursores do movimento, o termo define a essência deste estilo arquitetônico: estruturas maciças, concreto aparente, funcionalidade acima da ornamentação e impacto visual marcante.
Nascido na Alemanha, com denominação inspirada no francês e consolidado na Inglaterra, o movimento teve forte influência na arquitetura brasileira entre as décadas de 1950 e 1970. Os edifícios brutalistas desse período continuam provocando reações intensas nos que os frequentam.


IMAGENS: THE BRUTALIST - IMDB
Características do Estilo
Os arquitetos já conheciam as vantagens do concreto armado – como custo reduzido e durabilidade – mas até então ele era empregado apenas como estrutura. O material tornou-se popular devido à necessidade de criar construções funcionais e econômicas, especialmente na Europa devastada pela Segunda Guerra Mundial. Apesar do baixo custo e simplicidade do material, a arquitetura brutalista apresenta textura, ritmo e movimento.
O concreto permite a criação de praticamente qualquer forma, com poucas limitações.
O Brutalismo no Brasil
No Brasil, o Brutalismo consolidou-se como um dos estilos arquitetônicos mais expressivos, impulsionado por grandes nomes como João Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Lina Bo Bardi. Esses arquitetos trouxeram ao país construções icônicas que dialogam com o espaço urbano e promovem uma arquitetura democrática. Caracterizadas pelo uso do concreto aparente e pela valorização da estrutura em sua forma mais pura, essas obras tornaram-se referências do brutalismo brasileiro e continuam sendo estudadas e admiradas mundialmente.
SESC POMPÉIA (SÃO PAULO)
Considerado uma das 25 obras arquitetônicas mais importantes do pós-guerra pelo jornal The New York Times, o edifício foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi nos anos 1970. A construção aproveitou a estrutura original de uma antiga fábrica, que foi incorporada e ressignificada para se tornar um centro cultural.


FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO (FAU-USP)
A faculdade tornou-se uma das principais representantes da arquitetura modernista do país, destacando-se pelo uso do concreto bruto, vidro e simplicidade de suas linhas. Em 1981, o Edifício Vilanova Artigas, nome original do prédio, foi tombado pelo CONDEPHAAT, reconhecendo sua importância no contexto da Arquitetura Brasileira e da Arquitetura Paulista Contemporânea.
TEATRO NACIONAL CLÁUDIO SANTORO (BRASÍLIA)
Projetado por Oscar Niemeyer em Brasília, o Teatro apresenta uma estrutura imponente de concreto aparente e formas geométricas características do brutalismo. O edifício, com sua forma piramidal, é um importante centro cultural da capital e, segundo Niemeyer, deveria ter um aspecto simultaneamente sólido e leve. Em 1966, Athos Bulcão criou para as fachadas laterais um painel de blocos de concreto em cinco formatos diferentes que, através do jogo de luz e sombra que varia conforme a posição do sol, recebeu o nome de "O Sol faz a festa".


CENTRO DE EXPOSIÇÕES DO CENTRO ADMINISTRATIVO DA BAHIA
Este complexo público abriga grande parte das secretarias e órgãos do Governo do estado da Bahia. O edifício encontra-se inteiramente suspenso a cinco metros do solo, apoiado em duas torres laterais idênticas, das quais partem tirantes que contribuem para a estabilidade da estrutura, que se desenvolve em balanços simétricos de volumes invertidos.
MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO (MASP)
O projeto, desenvolvido pela arquiteta Lina Bo Bardi e pelo engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz, consistiu em um bloco subterrâneo e outro elevado, suspenso a oito metros do solo por quatro pilares interligados por duas enormes vigas de concreto. O espaço sob o edifício formou o que foi considerado uma inovação arquitetônica: o maior vão-livre do mundo à época, com extensão total de 74 metros entre os apoios, tornando o MASP um dos ícones da arquitetura brutalista nacional.
